segunda-feira, 28 de março de 2016

Tempo das nossas crianças

Do nosso parceiro Toda Criança Pode Aprender

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Quanto tempo as crianças têm para brincar e fazer o que só se faz nessa fase da vida? Será que a vida moderna está possibilitando que elas continuem a fazer as brincadeiras que colocam em jogo sua imaginação e criatividade?
Já falamos aqui sobre a consequência das crianças terem muitas atividades extraescolares monitoradas pelos adultos.
Agora, vamos fazer algumas contas para visualizar como é o dia a dia de crianças que fazem muitas atividades monitoradas.
Considerando as 12 horas de um dia como o tempo “útil” para as atividades, e pensando nas horas utilizadas em uma semana – 60 horas – uma criança que tenha muitas atividades passa, em média:
  • 5 horas na escola todos os dias = 25 horas
  • 2 horas em atividade esportiva, duas vezes por semana = 4 horas
  • 1 hora em aulas de idiomas, três vezes por semana = 3 horas
  • 30 minutos no trajeto das atividades = 4 horas
  • 1 hora em tarefas escolares todos os dias = 5 horas
  • 1 hora e 30 minutos nas refeições = 7,5 horas
Restam, dessa forma, um pouco mais de 1 hora por dia para que ela brinque e faça o que realmente só pode ser feito quando se é criança: usar toda a imaginação a serviço da diversão!
Mas…
… se ela fica essa 1 hora jogando em aparelhos eletrônicos, outros tipos de brincadeiras acabam perdendo totalmente seu espaço.
Vale a pena pensar nisso!

O Toda Criança Pode Aprender visa fortalecer, no imaginário da sociedade brasileira, a noção de aprendizagem como capacidade inerente a qualquer criança e potencializada pela mediação dos adultos.

segunda-feira, 21 de março de 2016

Luzes na Cidade: olhares de crianças para o espaço urbano

Do nosso parceiro Toda Criança Pode Aprender

Em importante iniciativa educacional, uma escola em São Paulo levou os alunos para um passeio pelo seu entorno. O que podem aprender as crianças com essa vivência? E os adultos moradores, passantes e trabalhadores da região?
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Foto retirada de Portal Aprendiz.
Chamamos a atenção em vários posts deste ano, como aqui, aqui e aqui, e ainda no Seminárioorganizado pelo Laboratório de Educação em parceria com a Escola do Parlamento, sobre a relação das crianças com a cidade onde vivem. Neste post, mais uma iniciativa para pensarmos: o que podem aprender as crianças andando pelas ruas? E o que aprendem os adultos moradores, passantes e trabalhadores que veem e interagem com estas crianças?
Desta vez, a iniciativa aconteceu na cidade de São Paulo, cidade dura, cinzenta, perigosa. Como o olhar de uma criança pode transformá-la? A Escola Municipal de Ensino Infantil Antônio Figueiredo Amaral na Barra Funda propôs levar seus alunos de 5 e 6 anos para conhecer seu entorno e o frescor dos pequenos aos poucos foi quebrando os muros invisíveis do cotidiano.
Explorando as ruas, os estudantes se perguntaram sobre as construções que viam, meios de transporte pelos quais passavam, ofícios dos trabalhadores que encontravam. E ao se questionarem, endereçavam também suas dúvidas e observações aos adultos. Como explicar a uma criança sobre o trânsito de São Paulo? De que maneira conversar sobre uma pichação ou grafite no muro da cidade? Como traduzir em palavras simples o que faz um alfaiate, um serralheiro, um construtor e qual a sua importância social?
Confrontados pela curiosidade e pela presença das crianças, os adultos tiveram a oportunidade de rever a si mesmos e à cidade com um novo olhar. Puderam se questionar se aquele ambiente era hospitaleiro para os pequenos, se lhes oferecia liberdade, se lhes era interessante… Criou-se uma chance em meio ao engessado do cotidiano para pensar no uso que se faz da cidade e no próprio papel social.
As crianças, por sua vez, experimentaram o que é ser dono do espaço urbano da forma mais legítima que há de fazê-lo: ocupando-o e vivenciando-o. E é só a partir da ideia de que o lugar público é “meu” que a cidadania pode nascer. Sentir-se pertencente a um território e questionar-se sobre o que está presente e o que está ausente nele é o que permite compreender os próprios direitos e deveres.
Disse uma aluna: “Estou realizando um sonho. Acho que hoje é o dia mais feliz da minha vida”. Mal sabe ela que não sonha sozinha!
O Toda Criança Pode Aprender visa fortalecer, no imaginário da sociedade brasileira, a noção de aprendizagem como capacidade inerente a qualquer criança e potencializada pela mediação dos adultos.

sexta-feira, 18 de março de 2016

Se esta rua, se esta rua fosse minha…

Do nosso parceiro Toda Criança Pode Aprender


Já parou para pensar no que as crianças pensam, sentem e podem mudar na cidade em que vivem?
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O trecho acima foi escrito por Lúcia, 7, na escola. Ela respondia a uma proposta de que pensassem em um lugar triste e cinzento para ser transformado a partir de uma história. Assim, escolheu escrever sobre uma rua por onde passou na cidade. Pelo texto percebemos que gostaria que este local tivesse mais cores, mais alegria e mais interação entre as pessoas. Inclusive aparece a busca por soluções ecológicas, quando ela escolhe tintas não poluentes para dar vida às paredes.
Essa demonstração do desejo de Lúcia acerca de sua cidade nos faz pensar a respeito da relação das crianças com o espaço urbano. Por vezes imaginamos que o entorno não as afeta, quando, na verdade, não só o estão percebendo como têm opiniões e vontades de transformação sobre o ambiente que habitam. Esta menina vive em São Paulo, uma cidade grande, desigual, cinzenta, poluída, séria e apressada. De modo muito sensível conseguiu expressar através da escrita seus pensamentos em relação ao lugar onde vive. Captou muitos de seus aspectos problemáticos, mas valorizou também manifestações de criatividade presentes neste ambiente, como o graffiti, por exemplo.

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Graffiti do artista Ernest Zacharevic
Alguns projetos pretendem atentar para o olhar da criança sobre o espaço urbano, aproveitando sua vivência e seus pensamentos para transformar a cidade e também para ensinar sobre a importância do espaço público, que deve ser um lugar de trocas sociais, direitos e deveres. A CriaCidade, fundada pela cientista social Nayana Brettas, realiza diversas intervenções com este fim. Um dos projetos é o Criança Fala, no qual escuta-se as ideias, sentimentos e sonhos das crianças – apreendidos de forma lúdica – para elaborar políticas públicas, projetos arquitetônicos, gestão de espaços e de equipamentos e projetos políticos pedagógicos.
Há também a experiência do Projeto Prisma de educação infantil na Colômbia, relatado pelo atelierista Juan Carlos Melo Hernández no congresso Diálogos entre Cidade e Escola – 2014 (RedSolare – Brasil). Na tentativa de aprofundar a visão poética das crianças a respeito dos espaços por onde circulam, foram realizadas saídas fotográficas nas quais elas tinham liberdade para captar as imagens que as interessassem. Este exercício gerou intervenções imediatas das crianças sobre o espaço público, à medida que rompiam a barreira do privado ao tirar fotos de pessoas conversando, casais e trabalhadores que estavam no entorno da escola. Este contato com o ambiente em que estavam envolveu inclusive atenção às plantas que encontravam, uma vez que a natureza também foi considerada parte da esfera pública ao longo do trabalho desenvolvido. O projeto ainda abrangeu mais aspectos importantes, como a participação direta de pessoas da comunidade na escola.
E você? Já ficou atento às crianças para escutar e perceber o que elas pensam sobre os locais por onde passam? Sabe o que elas sugerem para melhorar a casa, a rua, o bairro ou a cidade? Conte para nós!

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quarta-feira, 16 de março de 2016

Uma escola árvore ou uma árvore escola?

Do nosso parceiro Toda Criança Pode Aprender


A criatividade da criança é um bem a ser preservado. Durante a infância, somos capazes de imaginar as mais diversas situações, criar amigos imaginários, inventar cenários com apenas alguns simples objetos… Ao crescermos, a criatividade vai perdendo a sua força, dando lugar a pensamentos racionais. Como manter a imaginação de uma criança?
Em Tóquio, no Japão, uma professora quis desenvolver algo que pudesse ajudar as crianças a preservarem e desenvolverem ainda mais a criatividade. Para isso, chamou um famoso escritor e ilustrador japonês de livros infantis que faz muito sucesso entre crianças, Kazuo Iwamura.
Iwamura, ao entrar na escola, soube imediatamente o que iria fazer. No saguão de entrada há um teto redondo e sua ideia foi pintar uma grande árvore que percorre o teto 360 graus. As crianças, ao entrarem na escola, entrarão dentro de uma grande árvore.
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Com essa proposta, o Iwamura queria que as crianças utilizassem sua criatividade para aproximarem-se mais da natureza. Em um mundo em que os humanos estão constantemente esgotando os recursos da natureza, as professoras e o ilustrador acreditaram que seria importante criar uma ligação de afeto e carinho com ela desde pequenos.
Poder habitar uma “árvore” sem realmente habitá-la pode apresentar para as crianças meios para imaginar possibilidades infinitas.
Por que não dizer que a escola é uma árvore? Ou que a sua casa fica nas nuvens? Ou que está comendo minhocas ao comer espaguete?
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O que você pode fazer para estimular a criatividade do seu filho?

O Toda Criança Pode Aprender visa fortalecer, no imaginário da sociedade brasileira, a noção de aprendizagem como capacidade inerente a qualquer criança e potencializada pela mediação dos adultos.